Astrologia para Autoconhecimento

O autoconhecimento é uma das experiências mais espirituais pela qual alguém pode passar. Isto é sabido desde tempos ancestrais pelos iniciados espirituais de várias culturas, e nos dias de hoje é um conhecimento cada vez mais detalhado, técnico e aberto às grandes massas. Chega a ser usado de forma cansativa e enganosa, como chamariz para a autopromoção dos gurus de internet que prometem a iluminação fácil. Mas nem por isso o autoconhecimento deixa de ser, quando levado a sério, profundamente mágico.

Ninguém consegue se autoconhecer muito rápido, e nem por completo. É daquelas coisas que entram na categoria do “desespero magnífico”, de que falou um mestre espiritual que admiro. Desespero porque num sentido espiritual, não há fim à vista, e magnífico porque a cada pequeno passo à frente o horizonte que se abre é mais claro, estável e bonito. 

As ferramentas que podem ajudar alguém a explorar o mágico caminho do autoconhecimento são muitas. Cabe a cada um descobrir qual caminho faz mais sentido e atua melhor em si. 

Para mim, um dos conhecimentos que abriu portas mais impactantes tem sido a astrologia. Ela é uma linguagem – a linguagem dos astros. E os astros que mapeamos na astrologia não são apenas esferas materiais girando no espaço, e sim ondas de energia viva e consciente que compõem a arquitetura e a sinfonia do nosso micro e macro cosmo. “O que está em cima é como o que está embaixo, no milagre de uma só coisa”.

Essa é a diferença entre astrologia e astronomia, aliás. Enquanto a astronomia hoje estuda apenas os aspectos fisicamente observáveis dos corpos celestes de acordo com a física mecânica e newtoniana, a astrologia ocupa-se principalmente das influências energéticas que estes aspectos exercem sobre a nossa composição psíquica e material. 

Até o século XVII as duas andavam juntas, mas a partir do Iluminismo e da adoção do novo método científico a astronomia – termo que era usado na Europa medieval para designar a união de ambas – dividiu-se, com os astrônomos passando a rejeitar a componente espiritual e focando apenas no que os instrumentos físicos permitem concluir. Os astrólogos por sua vez, sem rejeitar as descobertas astronômicas e científicas e mantendo o diálogo com elas, continuaram a investigar os sentidos e as influências energéticas trazidas pelos céus para a vida terrena. Para um astrólogo, o foco primordial é no aspecto metafísico da realidade.

Alegoria das Sete Artes Liberais – Maerten de Vos, 1590. Astronomia representada junto à aritmética, geometria, música, gramática, lógica e retórica.

Do ponto de vista espiritual, cada pessoa é um universo próprio e complexo, de assinatura energética e consciencial única. Isso sempre me fascinou, desde adolescente, quando decidi estudar psicologia. Ao mesmo tempo, enquanto espécie humana somos bem genéricos e coletivos, como se fôssemos um ser único, uma célula específica do tecido da vida de que é feito o universo. 

Somos ao mesmo tempo únicos e sociais, naturais, culturais e espirituais. Há todo um universo que mora dentro de nós. Somos seres verdadeiramente cósmicos. 

A astrologia conversa e descreve essas nossas dimensões de uma forma muito precisa, profunda e acertada, muito mais do que os memes e postagens caça-cliques dão a entender.

Os horóscopos preditivos restritos ao signo solar, que são os que mais vemos pela mídia, fazem à astrologia ao mesmo tempo um favor e um desfavor. Por um lado, ajudam a despertar uma curiosidade geral pelo assunto, mas por outro, deturpam o imaginário coletivo ao criar uma caricatura muito simplista daquilo que é um riquíssimo e milenar campo de conhecimento. 

Quem começa a olhar para a astrologia além da superfície certamente se surpreende com os tesouros de autoconhecimento oferecidos por esta arte-ciência. É com a intenção de compartilhar e conversar sobre essas ricas descobertas que estou aqui.

Um abraço cósmico,

Samantha